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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sobre matéria (partes 1 e 2) de André Singer para a RBA

Nota: Antes de tudo quero expor aqui a minha insatisfação com o sistema de comentários da RBA em seu site por não explicitarem de forma clara as regras para se postar comentários e da minha impossibilidade em ter um feedback via e-mail eficiente do programa "DISCUS" para a execução de postagem de comentários e, com tudo isso, eu não estar conseguindo postar a minha opinião referente matérias publicadas no site da RBA. Sendo assim o farei aqui via Facebook e se possível eu gostaria que alguém me orientasse futuramente neste sentido para que os próximos comentários meus sejam igualmente publicados no site da RBA. Segue o comentário: Penso que a questão do ódio que está sendo estimulado no coração e nas mentes de nós cidadãos brasileiros pela tendenciosa grande mídia nacional está enraizada em comentários, em muitas ideias, e ainda em uma enorme falta de conhecimento e compreensão históricos do Brasil. Isto faz com que certos pensamentos, baseados nestes discursos de ódio, estejam de uma forma muito precipitada aflorando um sentimento de soluções imediatas e radicais como sendo algo tão plausível e simples - em uma realidade brasileira macro e historicamente complexa - quando não o é. Também não vejo nada de hilário neste tipo de pensamento pois é este mesmo pensamento que gera todo o tipo de preconceito. Assim como falar de "caça ao comunismo" que nos dias de hoje soa tão ridículo quanto falar que "quem descobriu o Brasil foi Pedro Alvares Cabral"! Não existe engano ao afirmar que o Brasil passa por uma crise política - que me parece bem maior do a crise económica e que tem um enorme peso sobre esta - e que a burguesia e classe média consumista brasileiras infelizmente conduzem (como quase sempre conduziram) mal suas decisões políticas e económicas em detrimento aos avanços alcançados pelo governo do PT na área de inclusão social das camadas mais baixas - que me parece incomodar tanto estas mesmas classes sociais na parte mais alta da pirâmide social. Quando afirmam que o Brasil "é o país que mais investe em educação" (na verdade o Brasil é o "segundo" em investimento do PIB na educação dentro dos "BRICS") e cobram pelos resultados imediatos deste investimento se esquecem de comentar que este investimento só começou a ser feito com mais peso nos anos do governo do Lula e da Dilma Roussef e que todos os outros governos anteriores a estes, todos os "nossos" governos nestes 515 anos passados de Brasil, nunca fizeram nada pela educação ou pela inclusão social dos menos favorecidos no Brasil. Na verdade o país ainda deveria investir muito mais do PIB em educação. É este tipo de pensamento imediatista, sem fundamentação histórica e cheio de ódio social que sempre acaba fomentando o preconceito em nosso país. Nós, negros, indígenas, excluídos brasileiros, só tivemos o direito pleno ao voto a partir da constituição de 1988 se considerarmos o histórico do negro, do indígena e das camadas menos favorecidas nas políticas dos governos anteriores no Brasil. Até aquele ano, em 1988, uma pessoa analfabeta, mesmo que instruída, não tinha direito ao voto no Brasil. Não saber ler e escrever o português não quer dizer que a pessoa não tenha noção (opinião e vontade) política, não é verdade? Mas até aquela época (da criação da nova constituinte brasileira) não se pensava assim aqui no Brasil. O governo do PSDB (Era Fernando Henrique Cardoso) sucateou o ensino superior no Brasil em sua gestão nos anos 90 - apesar do ótimo programa Bolsa Escola que foi um enorme avanço se comparado a todos os outros governos anteriores que nunca fizeram muito, ou quase nada, pela educação no Brasil. As privatizações do PSDB também não se mostraram ser a melhor solução daquele governo neoliberal e podemos sentir isto nos dias de hoje. Vender a Vale do Rio Doce ao preço que foi vendido com o lucro que gerava foi a mesma coisa que dar o ouro ao bandido. Agora, cogitam privatizar o restante da Petrobrás que não foi privatizada naquele período de privatizações indiscriminadas do governo do PSDB se aproveitando da repercussão da operação Lava Jato e assim poderíamos perder mais uma grande empresa nacional que envia parte de seus lucros para a área de educação, ciência e tecnologia entre outras áreas fundamentais para o desenvolvimento da sociedade e do Estado. Quanto a Vale do Rio Doce destina de seu capital para a educação no Brasil atualmente? Será que investem mais hoje do que antes de ser privatrizada? A oportunidade também foi dada ao PSDB e socialmente para as camadas mais baixas foi um desastre a década de 90. O que se viu foi o início da criação de uma classe média exclusivamente consumista e nada politizada, alienada: os "Emergentes". Existe um crescente movimento reacionário, da classe média consumista e burguesia, que está representado no congresso nacional e que se reflete nas ruas com as últimas manifestações que são uma continuidade do aparelhamento de setores de direita da sociedade brasileira no importante movimento do "Passe Livre" que levou milhões de pessoas para as ruas das grandes cidades brasileiras em meados de 2013 para protestarem contra o aumento das passagens do transporte público e pela melhor mobilidade urbana. Agora este mesmo setor burguês e consumista da sociedade brasileira se utiliza de forma ilegítima dos holofotes de 2013 nos desdobramentos consequentes das grandes marchas do movimento Passe Livre de junho/julho de 2013 na tentativa de sabotar não só um partido, o PT, não só um governo, mas também os ganhos alcançados pelas classes menos favorecidas nestes últimos anos e fomentar a luta de classes (Exs.: UBER, redução da maioridade penal, etc) que tanto favorece a manutenção do sistema capitalista selvagem instalado no Brasil e que atende tão somente aos interesses de ganhos financeiros e sociais de um seletíssimo e abastadíssimo grupo de nossa sociedade que nunca atendeu (e que também nunca quis entender) os anseios da sociedade brasileira como um todo e que centraliza poder através de acumulação de renda. A corrupção existe no Brasil e ela com certeza não nasceu no governo do PT haja visto a nossa história de usurpação de terras e de riquezas além de todo o histórico de escravidão e maus tratos ao trabalhador. No período da ditadura dos anos 60 se tem provas de que a Petrobrás era sangrada por empresas nacionais e internacionais, como o esquema grupo Ultragaz, com o aval do governo militar. Serão realmente punidos todos os corruptos que se provarem envolvidos no esquema da Petrobrás e em outros esquemas de corrupção estatais e privados? Esperamos que sim. Mas para isso vamos precisar de fazer as reformas políticas e fiscais necessárias pois enquanto houver financiamento de campanha de políticos por grandes empresas particulares e enquanto o/a pobre favelado/a estiver pagando o mesmo preço, ou até mais, pelo quilo de arroz quanto o Eike Baptista (ou o dono da Gerdau) dificilmente sairemos de uma condição de desigualdade social e económica extrema. Fazer valer a Lei de repatriação de divisas (Lei Pezzolatto) e outras leis também seriam essenciais para o Brasil sair da crise haja visto que somando as operações do mensalão, petrobrás, eletrobrás e, quiçá, do BNDES já somariam mais de 30 bilhões só em dinheiro desviados nos esquemas de corrupção entre as grandes empresas públicas e privadas. O papel da Polícia Federal e do Ministério Público nestes casos é fundamental. Meus parabéns ao Prof. André Singer pelas suas entrevistas e pelo seu livro. Obs.: Gostaria de assinalar que já existem cabeças pensantes, e atuantes, emergindo das classes mais baixas da sociedade brasileira, nas favelas e das áreas rurais, graças aos avanços alcançados nos governos Lula e Dilma - e este número está crescendo. Agradeço também aos que acreditam que a educação é a saída para a inclusão social, junto com uma eficiente (e inteligente) política económica, para que os menos favorecidos tenham oportunidades melhores no futuro e para que o país supere esta crise. E, sim, a esquerda deve ter um papel mais firme na conscientização política das classes e grupos menos favorecidas no Brasil. A luta continuará!

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