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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Crônica de Gladiadores

Me peguei num momento de recordações - recordar é viver! - e por acaso me lembrei de um fato do meu tempo de escola quando um professor de física cometeu um pequeno erro de português, uma gafe no meio do texto do enunciado de uma questão física. Bem! Se fosse em outra situação talvez o pequeno erro passaria desapercebido, sairia na urina, mas estamos falando do último ano do ensino fundamental numa turma repleta de jovens iniciando a adolescência e com os hormônios aflorando - junto com a intolerância. Enfim, o erro foi apontado e a chacota foi inevitável. Me lembro que no meio dos gemidos generalizados o professor não absorveu bem as críticas. Ele acabou cedendo a pressão da turma e perdeu as estribeiras, o que acabou contribuindo até para a sua reavaliação junto à coordenação e à diretoria da escola. Acabei relacionando isso a um seriado de televisão bem famoso chamado "Spartacus - Sangue e Areia", o qual eu assiti. A Saga conta a história de um gladiador chamado Spartacus, um cidadão trácio que teve sua família destruída e acabou sendo escravizado pelo império romano. Por suas habilidades na arte da luta ele foi incorporado ao grupo de escravos gladiadores, que eram escravos vindos de regiões que sucumbiam ao poderio do exército romano e eram incorporadas ao império. Os gladiadores eram açoitados e treinados diariamente para serem mandados para a arena de luta e morrerem. Muitos eram jogados e ficavam a mercê de leões, tigres, carrascos e outros gladiadores para satisfazer o sadismo do público que lotava as arenas deste macabro espectáculo. A maioria destes gladiadores sucumbiam ao trágico destino que lhes eram oferecidos, mas outros sobreviveram, como no caso de Spartacus. E, num dado momento da história da Roma antiga, eles conseguiram se libertar em revoltas que ocasionaram na formação de legiões, legiões estas que depois acabaram se unindo e fazendo a grande "Revolta dos Bárbaros" que iniciou o declínio do império romano e futuramente a sua extinção, com as "Invasões Bárbaras" em Roma, acabando assim com aquele regime de opressão e centralização do poder do império romano. Assim como os gladiadores - eles existiram de verdade (inclusive o famoso Spartacus)! - os professores, principalmente nos colégios e escolas públicas, são deixados nas salas de aula com o mínimo ou nenhuma estrutura para oferecer uma educação de qualidade da qual o Brasil tanto precisa. Os professores têm que sobreviver com o mínimo de recursos e são jogados aos alunos famintos por educação, tendo a difícil tarefa de suprir a carência educacional de crianças e adolescentes brasileiros. Os professores que sobrevivem a estas duras tarefas e que acabam continuando as suas atividades dentro das salas de aula têm o importantíssimo papel de tentar revolucionar a capacidade intelectual, psicossocial, das crianças e adolescentes em sala de aula. Assim se torna necessário pensar além das cartilhas e dos modelos educacionais preestabelecidos de formas de conduta e criar uma geração de cidadãos com cabeças pensantes que contestem o falido sistema vigente e que, principalmente, sejam atuantes politicamente no cotidiano de nossa sociedade e assim equilibrar a balança social e inverter a pirâmide da desigualdade em nosso país, quiçá deixar-la quadrada (ou arredondar-la!). Os professores têm um papel fundamentalíssimo para as mudanças que devem ocorrer para a melhoria de nosso país e de todo o planeta. Agradeço a todos os meus professores de todas as instituições por onde passei - e aos professores das instituições que ainda passarei. Avante gladiadores!!!

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